quinta-feira, 23 de julho de 2015

FORMAÇÃO POLÍTICA PARA NOVXS INTEGRANTES - INSCRIÇÕES



Para se inscrever na Formação Política envie um e-mail para: irmandadesankofa@yahoo.com.br.

Solicitamos os seguintes dados:
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quinta-feira, 16 de julho de 2015

NOTA DE REPÚDIO - CORTES NA EDUCAÇÃO PÚBLICA


Nós do Núcleo de Negras e Negros - Irmandade Sankofa, viemos perante toda população brasileira, e sobretudo negra, manifestar veemente repúdio as previsões de cortes e cortes em recursos na educação pública. Falamos do nosso lugar, o lugar de estudantes negras (os) ingressos e egressos na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB; do lugar de moradoras (es) da cidade de Amargosa; do lugar de negras (os) que historicamente foram negados/reduzidos o acesso e permanência na educação básica e superior; do lugar das (os) negras (os) que compõem e ocupam um espaço de produção de conhecimento científico, e por que não dizer do lugar no Centro de Formação de Professores - CFP. 

Pretende-se com esta nota de repúdio, declarar total apoio aos movimentos sociais e políticos em prol de uma educação pública de qualidade. Partindo disso, vamos falar de nossa realidade, pontuamos aqui, os cortes/redução de custos nos programas da CAPES (PIBID, PROCAMPO, PARFOR) e do MEC. Considerando os impactos em cortes destes programas/projetos, ao se falar do CFP fica explícito e escurecido que a população afetada diretamente é sobretudo, a negra. Sim, nós negras (os) que desenvolvemos pesquisas no CFP na cidade de Amargosa e cidades do Recôncavo e Vale do Jiquiriçá, que preenchemos as vagas de bolsa de estudo/pesquisa/extensão, que lutamos por uma contra hegemonia de produção do conhecimento científico eurocêntrico, nós que estamos ocupando o espaço acadêmico, nós estamos nos filiando a grupos e movimentos na tentativa de propor uma educação diferenciada e de qualidade. Deixamos “escuro” aqui, que não generalizamos esta realidade para todo Brasil, até por que somos a exceção, somos a UFRB em que 84,3% das (os) estudantes são pretas (os) (AFIRMATIVA, 2014). 

Doravante, não mensuramos as consequências para as camadas populares desfavorecidas, mas ratificando com Saviane (2012, p. 30) “a classe dominante não tem interesse na transformação histórica da escola (ela está empenhada na preservação de seu domínio, portanto, apenas acionará mecanismo de adaptação que evitem a transformação)”. Nesse sentido, compreendemos que a conjuntura atual do nosso país, bem como as medidas governamentais propostas corroboram com um modelo de educação progressivista adotada ao longo da história pelos opressores. 

Não basta pra nós garantir o acesso de pretas (os) às Universidades públicas, NÓS queremos mais, temos o direito de querer mais. ACESSO é pouco, queremos garantir nossa PERMANÊNCIA, seja ela material e simbólica, e para as (os) pretas (os) egressos, exigimos a PÓS – PERMENÂNCIA. 

PERMANÊNCIA é um conceito muito caro, já que diz respeito a possibilidade de existir. Permanecer não pode ser entendido aqui, como o simples ato de persistir apesar e sob todas as adversidades, mas a possibilidade de continuar estando dentro; estando junto (REIS; 2009). 

Nesta perspectiva, as previsões de cortes e cortes na educação não apenas reduz a quantidade de bolsista em determinado projeto (a grosso modo), mas sepulta o direito de muitos jovens negras (os) permaneceram estudando. Para sermos mais generalista, tal ação, sepulta todo o sacrifício e luta de famílias, para que sua (seu) filha (o) seja a (o) primeira (o) a ingressar e egressar do ensino superior. Sepulta a possibilidade de ter uma vida universitária e dedicar-se exclusivamente aos estudos, de participação em eventos científicos, de processos de filiação estudantil. Sepulta a transformação da realidade da escola pública, já que nossas (os) professoras (es) estão sendo formados de maneira precária.

Os cortes orçamentários de programas e projetos afetarão não apenas o bolso, mas algo que não possui valor, algo que não pode ser calculado, nem medido, o conhecimento. É uma via de mão dupla, afinal, a tríade ensino – pesquisa – extensão enquanto elementos teóricos e práticos devem fazer parte da vida universitária. Quantas pesquisas estão sendo ameaçadas? Quantas instituições deverão interromper o cordão umbilical que fora construído processualmente na relação cotidiana da universidade - comunidade? Quantas realidades poderíamos transformar, intervir, colaborar com a sociedade? 

Encaremos nossa realidade, a educação pública não é prioridade do Estado, já que é a primeira instância a sofrer com os cortes no orçamento nacional. A educação pública é uma educação de pobre para pobre, diríamos mais, é uma educação de preta (o) e pobre para preta (o) e pobre. 

Sendo assim, a supremacia branca governante de nosso país faz questão de precarizar a educação, afinal, quem quer ver (as) pretas (os) no poder? Quem quer ver o preto na produção do conhecimento científico? Por isso nos questionamos, quem tem direito a educação de qualidade? Ora, sabemos a resposta, mas deixemos que você pense sobre isso... 

Assim, torna-se crucial o posicionamento que contraponha este arquétipo continuísta inculcado pela classe dominante, cabendo ações similares às quais os movimentos negros impunham bandeiras de lutas, objetivando romper o dualismo existente nos currículos. 

Dessa forma, ponderando especificamente sobre nosso lugar de fala, de ação, de pesquisadoras (es) enquanto membros da comunidade acadêmica e não acadêmica, é nefasto, incoerente qualquer corte orçamentário na educação que afete drasticamente a vida acadêmica, os projetos de vida e a mobilidade social desses sujeitos. Sendo assim, buscamos da Reitoria da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, um posicionamento em sessão pública sobre os impactos para vida estudantil, considerando esta universidade como a primeira do país a ter uma Pró – Reitoria proposta a pensar e promover as políticas afirmativas no Brasil.

Recebemos a universidade!
Construímos a universidade!
Ocupamos a universidade!
Somos parte da universidade!
Queremos respeito para com as categorias que compõem a universidade!
Queremos respeito aos programas e projetos que produzem ciência na universidade!

Queremos mais negros com diploma na sociedade!