quarta-feira, 29 de abril de 2015

08 DE MARÇO? DIA INTERNACIONAL DE QUÊ? DE QUEM?

    

O 08 de Março foi um dia marcante na vida de muitas mulheres e famílias em Nova York - EUA. Foi o dia em que mulheres reivindicaram as condições de trabalho, baixos salários e carga horária (16h) excessiva de trabalho.08 de março é um dia que deve ser lembrado com muito orgulho pela ação destas mulheres. Porém, contudo, todavia, entretanto, neste mesmo dia 130 mulheres/ tecelãs foram trancadas na fábrica onde trabalhavam e incendiadas, logo o dia 08 de março é também um dia de luta, revolta, indignação e resistência. 
     Não é um dia qualquer, é mais um dia de debates e problematizações para combater a toda e qualquer forma de violência contra a mulher, quer seja esta física ou simbólica. É um dia de refletir sobre as Mulheres Negras moradoras de comunidades periféricas e rurais que continuam sendo exploradas nos locais de trabalho. É um dia para pensar sobre as Mulheres Negras que perdem seus filhos pelo Estado racista que temos. 
     Todos os dias devemos lembrar-nos das famílias dessas Mulheres Negras que passam fome, abaixam a cabeça e resistem para o que alimentar a suas/ seus filhas/ os. Mulheres Negras que são violentadas todos os dias por um Estado que nega nossos dos direitos básicos de alimentação, saúde, moradia, lazer, bem estar dentre outros... Em fevereiro de ano, 13 foi o número de jovens negros encurralados, violentados e mortos no Cabula/ Salvador – BA, mas foi mais de 13 o número das mulheres negras que sofreram e ainda sofrem com a morte de seus filhos, netos, sobrinhos, irmãos, primos, amigos, conhecidos, Negros... Negros... Todos Negros, vítimas de um sistema racista.
     Temos muito que pensar sobre nossa história, desde que as Mulheres Negras foram sequestradas em África lutaram para sobreviver nas senzalas, em meio aos estupros, explorações, agressões, segregações, bem como a desumanização... Mulheres que até hoje sobrevivem no interior das cidades e nas periferias, Negras que resistem diariamente para que sua família tenha uma educação de qualidade, para que suas/ seus filhas/os não passem fome. Portanto, não venha dizer que 08 de março é apenas um dia de celebrar, é um dia feliz para TODAS as mulheres, para as ricas sim, para estas sempre será um dia feliz! Para minha cor, para minha classe, para minha identidade os 365 dias do ano serão dias de resistência, dias de luta, dias de sofrimento, dias de negação, dias de mortes, dias... dias... 

Por: Tairine Cristina Santana de Souza - Irmandade Sankofa

DIA INTERNACIONAL DO (A) TRABALHADOR (A)




O dia 01 de maio é marcado internacionalmente como o dia do/a Trabalhador/a ou dia do Trabalho, tal fato ocorreu devido à manifestação realizada em Chicago (1886), nos Estados Unidos, em que Trabalhadores/as foram às ruas reivindicando melhores condições e diminuição da jornada de trabalho de 13 para 08 horas diárias. Durante a manifestação alguns líderes foram presos, posteriormente, julgados e mortos, em homenagem a estes e às lutas travadas pelos trabalhadores historicamente em busca dos seus direitos é que se celebra esta data. No Brasil, o 01 de maio tornou-se feriado a partir de 1925.

O trabalho é considerado enquanto atividade vital humana, no sentido ontológico (MARX, 2004), mas como categoria de análise, assim como qualquer outra é uma construção social que adquire formas históricas. Uma rápida análise sobre termo (trabalho) nos mostra ainda que este conceito sofreu influências cristã, filosófica e econômica, não tendo, por isso uma definição unilateral, mas polissêmica que varia de acordo com o contexto social e histórico. Assim, o trabalho tem sido “expressão de vida e degradação, de criação e infelicidade, emancipação e alienação, atividade vital e escravidão, martírio e salvação, dever social e realização pessoal, sofrimento e produção útil (ANTUNES, 2009). 

No contexto brasileiro o trabalho vem assumindo novas morfologias na sociedade capitalista, temos visto se consolidar relações marcadas, sobretudo, pela precarização das condições de inserção no mundo trabalho. Esta precarização tem atingido de maneira diferente os diversos segmentos da sociedade, sendo os/as jovens negros/as o grupo mais prejudicado com essas novas relações. 

Mesmo tendo aumentado a taxa de empregos formais após a crise de 2008, ainda é inferior o ingresso no mercado de trabalho para negros em relação aos brancos, em 2011 a taxa de desocupação dos jovens negros era de 15,6% e dos brancos 12,4%, quando analisamos a condição social verificamos que os jovens, cujas famílias possuem renda de até um salário mínimo a taxa de desocupação é de 35,2%, já aqueles que têm a renda mensal maior que cinco salários mínimos a taxa é de 6,5% (OLIVEIRA, 2014) evidenciando, portanto, que são os jovens negros e pobres que fazem parte da nova categoria do proletariado brasileiro, denominada por Atunes (2004) de precariado, os quais sofrem duplamente as mazelas da condição de trabalhadores.

Em suma, consideramos que o dia do Trabalhador não pode ser apenas um dia festivo pelas inúmeras conquistas da classe trabalhadora, mas deve ser um dia de luta, sobretudo da população negra, a favor da eliminação das desigualdades raciais e econômicas e por condições de trabalho mais humanas.

Proletários de todos os países, uni-vos (MARX, 1848)!


Por: Caliane Costa dos Santos Conceição

ROBERT NESTA MARLEY - BOB MARLEY




É com muita satisfação que o SANKOFA vem publicar no aniversário de um negro que ao longo da sua trajetória de vida dedicada a música Reggae, que saiu de lá do gueto de Trenchtown e Kingston para revolucionar o seu povo e posteriormente todo o mundo, estamos falando do saudoso Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley. Nasceu em 06 de fevereiro de 1945 em Sain Ann, no interior da Jamaica,filho de Norval Sinclair Marley, militar branco do exército Inglês, sua mãe se chamava Cedella Booker, uma mulher negra, Bob se mudou para Trenchtown onde desenvolveu suas técnicas de canto e guitarra.

Bob foi um negro que através das suas canções embarcou na militância, na resistência. Marley começou a compor temas sociais e espirituais, o que se tornou sua marca registrada e seu maior legado, ao invés de despertar a ira dos jovens daquela época, Marley começou a se aprofundar com a cultura rastafari, que foram introduzidas nas canções e no cotidiano dele, e que mais tarde várias pessoas começaram a seguir também, rastafari também era a religião de Bob. Religião que proclama Hailê Selassiê I, imperador da Etiópia, como representação terrena de Jah.

Na sua vida de rsistência, Bob teve que passar por ataques de políticos da época, que queriam vê-lo morto a qualquer preço, por isso Bob andava sempre mudando de endereço,mas não deixava de lutar pelos direitos do povo negro. Bob retratava na música a vida do povo que sofria, falava da violência contra os negros, falava da miséria, irmandade, igualdade social, libertação, também falava de paz e amor universal.

Marley hoje pode ser considerado o primeiro e maior astro musical do “Terceiro Mundo” e a maior voz deste, tendo a grandeza de vários artistas renomados gravando suas músicas,sendo difundida em toda parte do mundo. Bob alcançou sucesso na sua carreira e fazia muitos shows, gravou muitos álbuns musicais.

Mas foi surpreendido com um câncer, que se espalhou para o cérebro pulmão e o estômago,por causa de um ferimento no dedão do pé durante uma partida de futebol em Londres que não cicatrizou. Ele não queria fazer a cirurgia para amputar o dedo,porque seguia a religião rastafari que proclamava que o corpo é o templo de Jah. Bob faleceu no dia 11 de maio de 1980 em Miami, Flórida, Estados Unidos.

“Se todos nos unirmos e dermos as mãos, quem sacará as armas? - Eu só tenho uma ambição: que a humanidade viva unida. Negros, brancos, orientais, todos juntos. - Eu não estou do lado dos negros nem dos brancos. Eu estou do lado de Deus, quem me fez vir do homem branco e do negro.”


Por: Valney de Oliveira dos Santos - Irmandade Sankofa

quarta-feira, 1 de abril de 2015

O VIR À SER NOS CAMINHOS COM OXALÁ




     A transformação da história, da realidade, assim como dos indivíduos é um movimento fomentado por traços em lutas pelo vir a ser, o que estão conectados em expectativas do que está por vim. E essa expectativa, impulsiona-nos a se aventurar seguindo por caminhos desconhecidos, a buscar superações, enfrentando as barreiras para modificar a realidade. Então, neste sentido e contexto, na incorporação mais profunda da essência da palavra mudança, o vir a ser torna-se um objeto a ser construído processualmente, a ser potencialmente encontrado na palavra felicidade (ire), como um dom mais simples de viver a vida. Por isso, como meio de celebrar o ano que se inicia, contextualizando o sentido do vir a ser, respeitosamente homenagearemos uma ancestralidade de matriz africana, Oxalá. 

     01 de Janeiro de 2015 é dia sagrado, um dia de celebração, de renovação. Dia em que se revigora a alma tirando as energias negativas do corpo, conectando este, com as forças (Asé) ancestrais da natureza, num elo que liberta, equilibra e guia os caminhos para as transformações. Dia em que dar-se um novo passo em outra caminhada. Dia em que o velho, que não é velho fica novo, e que o novo ainda desconhecido, abre-se como uma porta para caminhos com solos ainda não pisados. Um ano se vai e com ele o sentimento de que no novo ano se inicia, as ações passadas que devem ser refletidas como meio essencial para construir esperanças nas expectativas do que estar por vir. 

     E abrindo alas para este novo ano, comemora-se também, o dia de OXALÁ. Oxalá é o orixá que representa por meio de suas vestes a cor branca e o seu dia é sexta-feira. Também pertence a ele os metais e outras substâncias brancas. Símbolo de paz, de bondade e de amor, Oxalá domina os elementos fundamentais da natureza como: o ar e a água. Orientado pela harmonia é alheio a todo tipo de violência. Oxalá que tem o poder da criação, sendo obstinado e independente, é representado de dois modos: Oxaguiã, jovem guerreiro e Oxalufã, velho apoiado num bastão de prata. Ele se define como sendo caridoso e parte dele a formação de todo o tipo de criaturas na Terra (Aiye) e no Céu (Orun). 

     Que as manifestações de sua força possa iluminar os caminhos dos que terra tendem a carregar sofrimento, dores, medo. Conceda a esperança, a luz e o amor que o povo precisa para que possa trilhar por passos firmes, neste chão tão íngreme e tortuoso. Mesmo com o desconhecido que estar por vir com surgir deste ano, que este venha como modo de conexão do povo com a natureza ancestral, enrijecendo cada vez mais de força para lutar com sabedoria, calmaria e confiança. 
    Assim, o Núcleo de Negras e Negros – Irmandade Sankofa manitesta sentimentos sinceros, inspirados pela sabedoria dos povos ancestrais que aqui lutaram. Que a disposição pra lutar se renome a cada dia e cresça durante a noite, evoluindo com o passar dos anos. Por mais que o estar por vir se encontra no âmbito do desconhecido, o medo não pode ser o motivo para se armar de vontade de encarar o novo. Que a transformação venha concedida de força, que a realidade possa ser mudada para algo cada vez melhor por cada boa intenção. Que partindo de reflexões do passado possamos cada vez mais, construir novos modos se relacionar com o mundo pelo amor, paz e felicidade. Não vamos nos esconder (Fibó) do que estar por vir, que mesmo não sabendo o que nos espera, caminhamos com passos firmes, pois Oxalá tem os olhos que tudo vê, e ele no protegerá das ações maldosas. Então, que a bondade e amor esteja com todas (os) a cada passo da caminhada, axé.

Por: Manoel Alves de Araujo Neto - Irmandade Sankofa